As queixas dos citricultores de Boquim, Sul sergipano, contra o Governo de Sergipe, continuam. Dessa vez, o motivo do desagrado foi a não inserção do município no projeto “ Frutos da Terra”, iniciativa lançado no Estado no último dia 18, pelo governador Marcelo Déda, PT, na cidade de Itabaianinha.
O “Fruto da Terra”, integra o Programa de Aquisição de Alimentos – PAA -, que tem como ação principal a compra direta da safra dos agricultores familiares. Em Sergipe, o programa vai adquirir a produção de laranja de 175 pequenos citricultores, de cinco municípios: Itabaianinha, Tomar do Geru, Estancia, Lagarto e Itaporanga. Boquim, terra da Laranja, ficou de fora dessa lista.
Airton de Santana, presidente da Associação Sergipana de Produtores Rurais, afirma que o projeto é meramente político, e que não vai dar jeito ao grave estado em que se encontra a citricultura no Estado. “Boquim é o berço da produção de laranja em Sergipe, mas, mesmo assim, ficou de fora do projeto. E mais: os pequenos produtores hoje não tem mais seus pomares; eles vão ter que comprar laranja dos grandes para repassar para o Governo”, denuncia.
A Secretaria de Estado da Inclusão, Assistência e Desenvolvimento Social – SEIDES -, responsável pelo projeto, informa que os demais municípios da citricultura sergipana, a exemplo de Boquim, foram inseridos em outras modalidades do Programa de Aquisição de Alimentos, como a formação de estoque para fabricação de suco de laranja.
Em nota, a Secretaria reforçou que novos municípios serão inseridos no “Frutos da Terra”, à medida que o programa for sendo executado, sendo a inserção de Boquim e de outros municípios uma possibilidade, desde que estes não participem de outra modalidade do programa.
Pendência
Mas a lista de reivindicações dos citricultores de Boquim não para por aí. Entre as queixas recorrentes, estão a falta de assistência técnica prestada pela Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe – Emdagro -, que, segundo os produtores do município, em nada se compra ao acompanhamento que era realizado alguns anos atrás; o atraso no repasse de novas mudas pelo Governo do Estado, que está obrigado alguns produtores a adquirir mudas clandestinas que podem contaminar os pomares já existentes com pragas, além do endividamento dos agricultores devido aos empréstimos.
Inconformado com a atual situação, Airton avalia o programa “Mão Amiga”, que paga uma bolsa de R$ 190 aos catadores, como uma “mão inimiga”, pois mostra o declínio da citricultura do Estado. “Isso não acontecia antes. Os catadores tinham dinheiro para se sustentar durante o período de entressafra. A gente precisa de uma política de incentivo. Não de esmola”, argumenta o representante dos citricultores.
Fonte: Jornal Cinform
Edinando Santos de Sergipe para o Rio Real News