Rodrigo Levino
Em cinco anos, o país voltará a ter a mesma quantidade de cinemas dos anos 1970, recuperação de terreno impulsionada pela comédia
Em 19 dias, o longa Cilada.com, dirigido por José Alvarenga Jr. e protagonizado pelo humorista Bruno Mazzeo, vendeu 2 milhões de ingressos e arrecadou 21 milhões de reais. A marca levou a distribuidora do filme a fazer um prognóstico otimista: se mantiver o ritmo, ele chegará a 3,5 milhões de espectadores em pouco mais de um mês de exibição. O desempenho o colocaria no patamar de De Pernas pro Ar, também deste ano. E não só isso. Os resultados indicam mais que um bom momento da indústria nacional de cinema. As produções representam o retorno de um gênero - a comédia - que sempre agradou ao espectador brasileiro e que cresce, ao mesmo tempo, com o desgaste do tema da violência urbana e a expansão do público pagante de classe média.
O desgaste da temática de favela e violência é nítido. Afora o fenômeno isolado de Tropa de Elite 2 (2010), que se tornou o filme brasileiro mais visto da história na esteira do sucesso do original, de 2007, há anos o filão vem dando sinais de esgotamento. Antes de Tropa, só Carandiru, de 2003, teve desempenho notável de bilheteria, com 4,5 milhões de espectadores. Última Parada 174 (2008), de Bruno Barreto, Era Uma Vez (2008), de Breno Silveira e Salve Geral (2009), de Sergio Rezende, patinaram na audiência, com respectivamente 500.000, 550.000 e 300.000 espectadores. E, ao mesmo tempo em que a violência decaía, o humor subia no gosto do público, criando blockbusters como Cilada.com e De Pernas pro Ar.
Há ainda outros pontos a ligar as duas produções entre si e a longas como Os Normais – O Filme e Divã, ambos com mais de 1 milhão de espectadores no cinema, A Mulher Invisível, que fez 2,3 milhões de espectadores em 2009, e como Qualquer Gato Vira-Lata, atualmente em cartaz com 2,1 milhões de espectadores. Humor pudico, abordagem focada em costumes e pouca inovação na linguagem, próxima à das telenovelas e à do cinema publicitário, resumem esse velho novo gênero.
Como cinema, nenhum desses filmes dá passos arriscados. Todos têm roteiros rasos. A semelhança com linguagem dos folhetins eletrônicos não é gratuita. Ela se deve à presença da Globo, tanto na produção como nos elencos – fato que levou o diretor Guilherme de Almeida Prado a batizar o filão de “Globochanchada”. “A chanchada se travestiu, mas nunca morreu”, diz o diretor, que define Carlota Joaquina, o filme que inaugurou a retomada do cinema nacional nos anos 1990, como uma “chanchada histórica”.
A produtora Mariza Leão, do longa De Pernas pro Ar, também vai longe no tempo para situar a presença de globais como herança de um jeito brasileiro de produzir histórias para grandes plateias. “Atores conhecidos da TV como Tony Ramos, Lilia Cabral e Bruno Mazzeo são o chamariz dos filmes assim como era, há 50 anos, a relação entre o teatro de revista e o cinema da Atlântida”, opina.
Digressões à parte, data de não mais que cinco anos a retomada da comédia em bases sólidas, com seguidos sucessos de bilheteria desde Se Eu Fosse Você 1, de 2006, que atraiu 3,6 milhões de espectadores e abriu caminho para a marca de 6 milhões de ingressos alcançada por sua continuação, em 2009.
Nos braços do povo – Para Mariza Leão, um fator que explica a boa performance das comédias de agora é seu sabor popular, capaz de atrair uma classe C mais pronta a consumir - inclusive lazer - a cada dia. “O cinema brasileiro historicamente se dividiu em longas baseados em fatos reais e comédias de costume. Houve a chanchada, a pornochanchada e agora essa leva de filmes popularescos.” A opinião é a mesma do distribuidor de Cidade de Deus, Bruno Wainer, para quem a curva ascendente da bilheteria nacional coincide com o crescimento econômico registrado pelo país na última década.
A entrada da nova classe média fez saltar a plateia dos filmes nacionais: de 8,8 milhões de ingressos em 2008 para 25 milhões no ano passado. E ainda há espaço para o crescimento da indústria, que se profissionaliza com a adoção de técnicas hollywoodianas para atração de público, como a realização de pesquisas qualitativas que indicam pontos positivos e negativos dos filmes antes mesmo de serem concluídos.
De acordo com dados da Ancine, a Agência Nacional de Cinema, o Brasil ganhou 300 novas salas de cinema desde 2009. Hoje são 2.200, ao todo. “Há muito terreno a ser ocupado”, avalia Wainer, que lança mão de uma previsão: “Em cinco anos, o país voltará a ter a mesma quantidade de cinemas dos anos 1970”. À época, o país dispunha de 3.500 cinemas e uma população de 90 milhões de habitantes, menos da metade da atual.
A retração no mercado exibidor nacional foi um drama vivido pela indústria cultural na década de 1980. Instabilidade econômica, recessão e inflação causaram uma quebradeira nas empresas exibidoras. O encolhimento teve o seu auge em 1997, quando o número de cinemas baixou a meros 1.000. A estabilidade da economia, que já se firmava naquele ano graças ao Plano Real, e a entrada da Globo na área de produção com a Globo Filmes, foram determinantes para a reestruturação desse mercado. Alimentando o cinema com atores, diretores e roteiristas TV, a Globo criou uma máquina de grandes bilheterias calcadas em divulgação pesada e dispendiosa e poucas pretensões artísticas.
Em termos comerciais, a receita vem dando certo, obrigada. Em 2011, com exceção dos dois maiores lançamentos de filmes baseados em fatos (Bruna Surfistinha e Assalto ao Banco Central), a bilheteria nacional tende a ser dominada pela comédia. Ao público de De Pernas pro Ar, Desenrola, Cilada.com e Qualquer Gato Vira-Lata vão se juntar O Homem do Futuro, Não Se Preocupe, Nada Vai Dar Certo e O Palhaço. Este, apesar de aspirar a filme de arte, investe em humor. Mais um que espera rir à toa com a boa fase da comédia nacional.
A receita do sucesso das comédias no cinema brasileiro
Consagradas por bilheterias milionárias, as comédias de costume voltaram com tudo no cinema nacional desde o começo dos anos 2000. O site de VEJA esmiuçou cinco delas
«1 2 3 4 5 »Os Normais - O Filme (2003): um sitcom de 110 minutos
fonte: http://veja.abril.com.br/
EM RIO REAL NERIVALDO FERREIRA LANÇA NOVO FILME:
BRASIL, UM PAÍS DE 5%.
thiago do posto
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